quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Qual é a sua?

Essa pergunta já vinha rondando a minha cabeça há um certo tempo. Durante os últimos meses me perguntei o que realmente me dava prazer, o que eu queria para mim e no fundo no fundo, quem era aquela pessoa que me olhava fixamente dentro do espelho. Claro que não estou falando das coisas que todo mundo gosta. Tipo aquelas entrevistas com celebridades de QI 12. “ Adoro me divertir com os amigos”, afirma fulaninha sobrenome. Tá Heleninha Magalhães, mas e quem não gosta? Vai dizer o que? “ Adoro ficar em casa sexta à noite deprimindo sozinha?” Lógico que não. Não é disso que eu estou falando. Mas daquela coisa, aquela sabe? Aquilo que te faz sentir melhor, mais legal, que dá algum sentido pra sua vida. Não precisa ser a sua profissão, nem algo mirabolante, não precisa ser nenhuma ação voluntária no Congo, nada disso. Só aquilo… ( para os ninfos “ aquilo” seria aquilo mesmo), que faz o dia passar mais rapido e nao ser apenas doze horas em vao. Foi buscando tanto em mim, que acabei reparando mais nos outros. Ficava olhando o povo na rua. Qual seria a dele? A dela? De repente eu me identificaria com alguma daquelas pessoas e a dele ou dela poderia ser a minha também. Comecei obviamente a reparar nos mais próximos . A do meu pai por exemplo, é consertar coisas: a cerca do portão, o trilho da janela. São horas a fio debaixo do sol, unhas cheias de durepox, poeira nos óculos. Mas tudo isso vale a pena. Porque mesmo que ninguém repare, aquele nhec nhec não assombra mais os pensamentos dele no final do dia. Concertar as coisas, sentir que está tudo em ordem, faz meu pai feliz. Já pra minha tia, que operou o pé há um mês e está sem poder andar, a vida perdeu todo sentido. De que vale o céu azul, o ar, os pássaros cantando, se ela não pode ir no Hortifruti? Porque o grande prazer dela é comprar tudo fresquinho e ficar pensando na vida enquanto ela faz pratos maravilhosos na cozinha. Depois da primeira garfada, todo vazio vai embora. A vida faz sentido da esquerda para direita: 20 gramas de manteiga, acrescente os ovos, enquanto isso vá untando ( sempre achei essa palavra meio fanha) a forma. Já para minha avó Alice, o lance é remédio. A motivação dela é ver os lançamentos da farmácia: Norfloxacino, Podam e bulas, muitas bulas. Enquanto alguns lêem Nietsche, minha avó enxerga sentido na vida naquele pedacinho de papel. Isso faz dela uma hipocondríaca feliz. Daí eu fico pensando: a Lu canta, o Bruno atua, a Paula viaja, a Camila casa, a Fernanda fotografa. E eu? Eu escrevo, escrevo, escrevo buscando.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Alergias do natal

Quando chega esta época do ano, as obrigações se acumulam na mesma velocidade que as luzinhas pisca pisca nas varandas ( me chame de amarga, mas eu acho isso um desperdício de energia e uma ofensa ao aquecimento global, mas prosseguindo) É festa para cá, amigo secreto para lá, reunião de despedida, festa da firrrrrma e tralalá. E eu fico aqui pensando como somos vulneráveis a um tempo, que simplesmente não existe. Me explico: se não fosse o calendário para nos ditar essas regras, não estaríamos nos reunindo, eu provávelmente não me sentiria tão cansada e 90% da população mundial não estaria comprando presentes como se estivesse estocando farinha na época da inflação. Conversando com um amigo que programava sua ida ao shopping, perguntei se ele não se sentia um pouco pressionado a comprar tantos presentes. Este me respondeu que não comprava por obrigação, comprava porque amava sua família e por isso presenteava os entes queridos. Nova regra da língua portuguesa: comprar e amar se fundiram em um verbo só. Agora eu me pergunto: se as pessoas são tão especiais, como é possível achar presentes à sua altura em uma única ida ao shopping? Se todo mundo compra presente especiais para todo mundo, isso não quer dizer que todo mundo é muito igual a todo mundo? O que me leva a pensar que tudo é feito de maneira impessoal, frígida e estranha: berumda qualquer pra fulaninho, blusinha básica pra mariazinha e por aí vai. E o que era ser um gesto que diz “ você é especial” ao meu ver acaba dizendo “você é qualquer um, qualquer presente, qualquer vale cd de qualquer cantor de sua preferência, porque de qualquer maneira, tô querendo é andar logo pra não pegar fila no estacionamento” Não que eu seja o Grinch e odeie o natal, não é isso. Mas a discussão do que o natal se tornou é válida, mesmo que ela seja mais velha do que o próprio menino Jesus. Que confraternização com povo da firma, o que? Eu já confraternizo com eles quase doze horas do meu santo dia. São por essas e outras que eu me sinto contagiada pelas alergias do natal. Embrulhada pra presente e entregue como um chester de bandeija a todas as obrigações, sem nenhuma chaminé para escapar. A minha única e verdadeira alegria desta época é a ceia, com a minha família sentadinha em volta da mesa, bebendo muito vinho. Porque é com eles que eu tenho vontade de confraternizar, para eles eu dedico pouco tempo da minha vida.
E por falar em família, vou aproveitar para mandar um recadinho: pai, mãe, não vou dar nada para vocês, justamente porque vocês são únicos, ok? Vou comprar quando o presente certo aparecer. Se ele aparecer. Chame de desculpa, eu chamo de sinceridade.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Novo Caviar

Excesso de auto-estima ajuda no trabalho? Quem se dá melhor, o cara que acredita muito no que faz ou o cara que duvida de si mesmo? Até que ponto certeza demais, não é uma sentimento que pode acomodar você? E a dúvida, é motor ou trava? Seria certeza demais, uma artimanha para mascarar a picaretagem? O Paulo Coelho, por exemplo, quando posa na revista das celebridades, acredita mesmo que é um dos maiores escritores do mundo. E o Saramago, será que ele deita a cabeça no travesseiro pensando “sou muito giro”? Ou a dúvida o atormenta e é justamente por isso que ele vai mais e mais longe? O picareta, não pode demonstrar dúvida no que faz, senão não seria picareta. Mas e o verdadeiro autor, o verdadeiro cineasta? Ele olha para o próprio trabalho e acha o máximo? Ou tem aquela sensação estranha de que está ouvindo a própria voz numa gravação telefônica? O artista atormentado com o trabalho é um clichê? Talvez. Mas encontrar o equilíbrio entre a certeza demais e a dúvida cruel não é um conselho clichê também? Outro dia passei em frente a uma lanchonete que se chamava “Novo caviar”. Achei engraçado. Seria excesso de auto-estima se entitular assim? Como diz a propaganda da mais tosca espécie, deu a louca no gerente? Ou o fato dele acreditar que o hamburguinho dele é mesmo um novo caviar, vai fazer do estabelecimento um verdadeiro sucesso? Sinceramente, não sei. Mas que eu vou acompanhar a Novo Caviar de perto, isso eu vou.

Propaganda gratuita


Não tenho experiência no assunto, mas na revista "Pais e Filhos" deste mês, dizem que com o primeiro a gente erra, acerta, morre de medo, no final dá tudo certo e é uma emoção...Wanderléia, minha primeira livrinha na editora do Bispo, com ilustrações Elisa Sassi e produção Mimo. Vai lá ver, vai?

http://www.editoradobispo.com.br/site/

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Quando um sentimento não cabe mais no peito, ele acaba indo parar nos lugares mais estranhos: no lóbulo da orelha, no meio do calcanhar, no centro da pupila, na dobrinha do joelho, entre os dedos do pé. Se você olhar com atenção, até dentro do umbigo pode ter um pouco de amor.

Haja

Vazia. Cheia. Vazia. Cheia. Vazia. Cheia. A tpm é uma maré de sentimentos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Engraçadijo, pero no mucho.


mi vida es un tanguito. Un tanguito de butequín, con sufrimiento y mutcha passión. Un corazón de melón qui escutcha la mussica y sangra, sangra. Un tango que no bale un cientavo: se baila un poquito fuera de compassio, bien podrón, como se habla el portugñol de los más baratones.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008


Sono é um algodão que o cansaço vem colocar sobre os olhos da gente. Uma música lenta que vai diminuindo o volume bem devagar, até a alma sair do corpo para passear por outros mundos, como a gente gostaria que este mundo fosse.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Notícia

- Eu tenho uma notícia meio chata pra te dar. Eu sei que eu não tô completamente curado e tal, mas eu não vou mais poder vir…queria agradecer, porque putz, você me ajudou a superar vários traumas, foi importante mesmo. Tô bem melhor agora. De verdade. Aquela coisa que eu tinha da minhã mae, lembra? Meio que passou…tipo, tô muito melhor.
Antes de você eu não tava conseguindo fazer quase nada sozinho. Agora é diferente. Você me ajudou mesmo. Impressionante. Seu método... e acho que o fato de falar muito e ter alguém pra ouvir também ajuda.E você tinha toda razão, duas vezes por semana foi bem melhor, mesmo. Enfim, eu sei que você não concorda, mas espero que você entenda…agora que eu tô namorando…sei lá, não dá pra ficar encontrando uma puta, sabe? Óh, tá aqui os cinquentinha de hoje. Qualquer coisa se eu precisar eu te ligo, tá?

Então é natal

Na ânsia de aumentar as vendas de panetones, os comerciantes do mundo todo fizeram uma reunião e decidiram antecipar o natal. Mal sabiam estes homens de terno da Columbo e crachá no peito que essa inocente iniciativa, mudaria para sempre os rumos da sociedade. No primeiro ano ninguém estranhou ao ver as caixas de panetone empilhadas no supermercado. Era primeiro de dezembro. Como o aquecimento global avança o nível do mar, a presença dos panetones antecipava o natal no calendário. Enquanto caixas e caixas se empilhavam nas prateleiras, cidades automaticamente se enchiam de luzinhas, guirlandas e bonecos de papai noel com a expressividade do Tarsício Meira. Como uma peste de gafanhotos, os panetones avançavam a cada ano que passava. Final de novembro, outubro, setembro, julho. Até que um dia em plena Páscoa, as pessoas começaram a pendurar suas guirlandas na porta de casa. O caos no calendário estava instalado. Ao fazer a fila para comprimentar o Papai Noel, crianças encontravam o Coelho da Páscoa sentado no seu colo. Cansados de disputar os comerciais do horário nobre, os dois haviam feito um acordo: dividiriam os lucros, o espaço e a atenção de todos. Uma relação de cumplicidade que com o tempo foi se intensificando, até a gerar alguns comentários maldosos da mídia. Na bagunça das datas comemorativas, espertos enxergaram oportunidades de negócios: surgiam as gurilandas de chocolate, ovos de páscoa com presente dentro. E as pessoas na vontade que as férias de natal chegassem logo, supriam a ansiedade se encheando de chocolate. Donos de academias de ginástica eram os novos-ricos. Para depressão e motivo pelo qual se suicidou o Coelho da páscoa, a fúria do panetone avançou ainda mais e assim o natal foi parar no carnaval. Samba enredos sobre o nascimento de jesus, reis magos desfilando na apoteose. Jãozinho trinta levantou as mãos aos céus e agradeceu. Já não aguentava mais fazer fantasias de índio e Pedro Alvares Cabral.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Vôo

Se eu me der inteira para você, vou ficar sem mim.
Mas sem você eu também não sou mais eu.
Então qual a nossa medida?
Para que eu te complete, sem me fazer falta?
Para ter você por inteiro, sem te desfalcar? As vezes você me carrega, outras sou eu quem te puxo. A gente se aproxima e se afasta, cuidando para que o espaço entre nós nunca se torne um vão. Um equilíbrio delicado que a gente encontra num olhar, no espaço das mãos entrelaçadas. A barriga sente frio e a vida parece passar mais rápido. Assim é o vôo dos trapezistas enamorados.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Neuroses capítulo um

- Eu digo uma minha, você diz uma sua. Ok?
- Ok, quem começa?
- Começa você, eu sempre tive medo de ser igual a todo mundo.
- Tá bom. Eu odeio que falem comigo depois do cinema.
Quando acende a luz, eu entro em pânico.
- Eu só escovo os dentes de olhos fechados.
- Eu bebo de propósito só para ter um drama na minha vida.
- Eu tenho medo de balão de festa. Quando estoura eu até choro.
- Para fazer cocô eu tenho que ficar pelado .
- Eu não escuto os outros e fico só esperando a minha vez de falar.
Peraí, você o que? Que história é essa?
- É, para fazer cocô eu tiro tudo, até a aliança… então você me ouviu.
- Ouviu o quê?
- O que eu disse.
- Ouvi.
- Então essa sua neurose de não ouvir está curada.
- Você acha?
- Não sei, tenho mania de médico.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dicas para época de crise

Minha dica é não leia dicas de como enfrentar épocas de crise. Graças a Deus e ao Instituto Universal Brasileiro, você não é o único que sabe ler. E isso significa que você espertinho e todo os leitores da Vejinha vão fazer as mesmas coisas para tentar não afundar. E quando todo mundo vai pro mesmo lado do barco, não precisa ser nenhum gênio para saber o que acontece. Um grande economista dizia que quando o cabelereiro dele entre uma tesourada e outra falava em comprar ações, ele rapidamente vendia tudo. Lógico. Nada pode ser bom negócio para todo mundo. Infelizmente a vida é assim, para que uns ganhem, outros perdem. Não sou nenhuma Joelmir Betting, estou longe ter papadas e cabelos brancos, mas se eu puder lhe dar uma dica, meu conselho é esse. Segura a peruca, pára de comprar amendoim em quinze vezes, aperta o cintinho e vai levando a vida. Que tevê de plasma da casas Bahia o que...viva a crise e a redescoberta dos prazeres frugais. O break no crédito, vai desapertar o nó dessa sua gravata Gucci. Outra coisa boa é aproveitar essa maré para inventar umas desculpas bem toscas e finalmente fazer o que você está afim. Desculpe, não vou sair de casa, tenho que economizar saliva. Eu penso que se tudo der errado, vou vender trufa no trabalho. Se não tiver mais trabalho, vendo duende de durepox em Ilhabela. Não é possível que a gente só tenha imaginação nesse país quando o assunto é dar golpe. Bem, é isso. Até amanhã, se este blog não estiver em crise.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Such a perfect day

Um dia ruim não merece muita atenção. Só uma ou duas linhas que guardam entre elas um pequeno desabafo, um centímetro e meio de vazio, um medo de não sei o que, um pressentimento estranho. Um dia ruim é pequeno, medíocre, tem gosto de coisa crua, é supersticioso, é um pé na poça, a meia molhada, uma pipoca queimada , trânsito na chuva, um espremedor de alho dentro do peito. Um dia ruim não mereceria nem um post, mas vamos ser generosos, quem sabe assim ele não fica bonzinho?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Essa?

Essa?

Ou essa?

Eu não tenho idade para isso, minha filha

Hoje eu estava de bobeira e ao não fazer nada, pensei na minha aposentadoria. Não que eu ache que ser aposentado é não fazer nada, muito pelo contrário. A minha avó, por exemplo, tem tido uma vida bem mais agitada que a minha. Talvez seja um pouco cedo pensar nisso na flor dos meus dezoito anos, mas por que não? Todo mundo quer ser alguma coisa quando crescer, mas quando o assunto é aposentadoria, a imaginação da maioria das pessoas pára no plano de previdência. Que coisa mais triste, não? Eu não estou juntando dinheiro ainda, mas já tenho uma lista das coisas que eu quero fazer quando chegar aos oitenta. Cursos mil, artes, fotografia, quero beber um uiscão ao meio-dia e tirar uma soneca depois do almoço. Muita gente tem uma visão pessimista da velhice ou então uma visão mitificada. Lógico que o seu corpo não vai estar perfeito (se é que um dia ele esteve, não é mesmo?) e é bem provável que você não seja assiiim tão sábio, que você continue inseguro em relação a algumas coisas. Mas e daí? Porque toda velhinha é necessariamente boazinha? Por que as pessoas ao envelhecer ganham rótulos que elas jamais pediram? O fato de ter rugas não exclui ninguém da possibilidade de ser um genuíno filha da puta. Vide um político baiano cujo nome era composto por três iniciais. Pensando no meu ideal de velhice, cheguei à conclusão de que não serei a Jane Fonda. Não quero ser uma velhinha sarada, quero ser tarada. Isso mesmo. Ficar assobiando pros minino na rua, sair com as amigas e ficar mexendo com o garçom. E em meio aos rótulos, vou aproveitar a fama dos velhinhos azedos, para falar tudo que que me vier à cabeça. E as pessoas vão dizer: deixa ela, tá gagá. Gagá não meu filho, tô bem viva e com tesão. É isso mesmo, te-são. Você já imaginou a sua avó fazendo sexo? Não, claro que não? Pois saiba que as velhinhas fazem sexo siiim. E viva o Viagra. E viva as velhinhas que são lindas, gostosas e têm cheirinho de pó de arroz. É...com o tempo a gente fica melhor mesmo, disso eu não tenho dúvida. Não quero nem pensar em voltar aos quinze. Deus me livre, tanta insegurança, tanta nóia. Quero mais é ficar com batom no dente, porque dei uma tremidinha na hora de passar, jogar baralho e esquecer qual foi a minha última jogada, dançar um cha cha cha agarradinha com meu bofinho de 97. E se me disserem que estou velha demais, eu responderei do alto do meu andador: não tenho idade para isso não, minha filha.

Dá só uma olhada nesse blog de estilo, elas são ou não são lindas?

http://advancedstyle.blogspot.com/

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Clique aqui e saiba mais

Fazia muito tempo que eu não passava por aqui. Talvez porque tem tanta coisa acontecendo na vida real, que o universo virtual ficou um pouquinho abandonado.
Peço desculpas a todos os meus leitores (vocês dois são muito importantes para mim). A verdade é que `as vezes essa coisa de virtual dá um pouco de preguiça. Blogueiro (vou ser jurada de morte), viral, fotologue. Só do messenger, dava para fazer um dicionário. Tipo, o cara que está sempre ausente, é o gostosão. Afinal ele não fala com qualquer um. Tem o carente, que está sempre online caso alguém queira falar com ele. Tem aquelas pessoas que pelo nick fazem questão de dizer a todo mundo que estão deprimidas, de tpm, até de luto. Pelo amor, luto virtual não dá. Não é meio carência ter que mostrar a todo mundo o que você está fazendo, sentindo, que o seu nariz tá escorrendo neste exato momento? E os nicks, “ vendo computador” “ vote no fulaninho”. Como se não bastassem os panfletos de pizzaria no pára-brisa do meu carro, agora o messenger se transformou nos classificados? Outra coisa que eu e a torcida do flamengo já notamos, é como a internet é o nosso alter ego. Para dar um exemplo, já reparou como todo mundo é mais bonitinho no Orkut? Lógico, você faz aquela puta make, coloca uma meia-luz ( o velho truque da feinha pra ficar ok) e tira a foto no seu melhor ângulo (muitas vezes o de longe). ( Meu Deus quantos parenteses nesse texto). Voltando, o problema disso tudo é quando a vida real acontece. Como você faz? Anda de ladinho pra que o paquera veja você de um só ângulo? E como todo mundo é amado? Gente, quanto ecstasy esse povo toma. Orkut é como aquelas agendas que a gente tinha quando era adolescente ( tá, eu tinha uma), ao invés de colar selinho e escrever ao lado, o povo vai lá e deixa um scrap: fulana, te amo mais que demais. Todo mundo é dimaisssssssss. Não tem ninguém solitário, com zero popularidade e um scrap do banco itaú com proposta de cartão de crédito ( tá, não dá idéia). O que a gente não realiza na vida real, vai lá e cria no mundo virtual? É isso? Ok, mas e se acabar a luz? Seu avatar vai até a cozinha pegar uma vela para você? Outra coisa que eu ainda não peguei direito é essa coisa de sexo virtual. Eu pelo menos, preciso das duas mãos para digitar. Então como fica o resto? Será que está me falantando um pouco de imaginação? E quando acaba, você faz o que? Deita ao lado do tecladinho e fuma um cigarro? Por falar em sexo, o marido da Sandy algumas horas depois do casamento já estava postando fotos do casamento no blog. Boa notícia para quem gosta da garota: provávelmente ela continua virgem. Não sei, parece que quanto mais virtual, mais plastificada vai ficando a coisa. Eu gosto do real, de gente com remela (gosto ainda mais de quem fala ramela), prefiro cinco minutinhos de conversa do que horas no messenger, odeio aquele rsrsrsrsrs, desde quando isso substitui uma boa risada? Ai, vou me rebelar, chega, to indo tomar uma cerveja. Vou ligar o messenger e perguntar que tá afim.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Pateta, só para relembrar

Dia Mundial sem Carro

Caçando assunto, descobri que ontem foi Dia do Contador e Dia Mundial sem Carro. Parabéns atrasado aos amigos contadores, mas vamos falar da opção B que é bem menos monótona. Bacaninha a iniciativa do Dia Mundial Sem Carro. Mas sinceramente, mais sacal que aguentar o trânsito, é aguentar o debate sobre ele. Todo mundo já está careca e com a bunda quadrada de saber que o trânsito é um problema sério. Que todos os políticos com nossos preciosos votinhos, vão construir em tempo recorde linhas e mais linhas de metrô. Todo mundo sabe que é preciso ser mais consciente. E por falar em consciência, sempre me pergunto por que as pessoas têm carros tão grandes? Jipes, pick ups. Seria por precaução? Afinal, numa cidade como São Paulo, nunca se sabe quando será preciso transportar um tronco de jacarandá. A verdade é que eu não aguento mais esse papo verde. Tudo é verde: a sacola do supermercado é verde, o detergente é verde, o amendoim é verde, meu porteiro é verde (não sei o que ele tem comido). Veja bem, até o posto de gasolina está dizendo que é verde. Ah tá, você enche o tanque e em troca de muito carbono, eles plantam uma árvore. Só tem um detalhe: até a árvore crescer, você já morreu de velho ou de asfixia. A verdade é que muita gente está pegando carona na onda verde e realmente pouca coisa tem sido feita. A essa altura você pode estar se perguntando: mas e você mané autora deste texto, o que tem feito? Não muito, eu confesso. Queria fazer mais. Minha última boa ação foi ressucitar a minha bicicleta. Descobri a magrela e desde então não nos largamos mais. Passo os finais-de-semana grudada nela. Mas não é o suficiente. Porque mesmo quando se descobre uma boa solução como a bike, em uma cidade como São Paulo ela torna-se um risco. Só para dar um exemplo, outro dia um amigo meu foi atropelado na nove de julho. O motorista desceu do carro assustado e disse ao ciclista: “ tá maluco cara? Cabei de pagar a última prestação desse carro!” Checou se estava tudo bem com o pára-choque do Toyota 3.0, airbag duplo, freios ABS e entrou no carro de novo. Detalhe: além de canalha, o cara era médico. Pois é, estamos longe, muito longe do ideal. Porque o problema da cidade não são só os carros. Lembram daquele desenho do pateta, que quando dirige fica bem loucão? Tenho a impressão de ver milhares de patetas transitando pela cidade. E não é só isso, tem mais. Muito mais. Tem também o problema do…Ei, ei, peraí, quem foi que apagou a luz? O quê? Economizar energia? Mas eu ainda não terminei de reclamar!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Domingo de manhã

Eu adoro os domingos de manhã. Eles não tem pressa de virar domingo a tarde. O domingo de manhã acontece devagar e se espreguiça até as três, três e meia, três e quarenta e cinco, quatro. Domingo de manhã tem cheiro de café forte, de jornal novo, de pijama, de jazz. No domingo de manhã o mundo pára, porque nao há nada a ser feito, nem resolvido, tudo já aconteceu no resto da semana. O domingo de manhã é morno, como a coberta que jajá vai ser trocada pelo chuveiro. Domingo de manhã é um livro, uma idéia, uma lembrança. Uma frase de um romance que totalmente por acaso cai no meu colo e faz todo sentido: “tantas pessoas entram e saem da vida da gente. Centenas de milhares de pessoas. Você precisa manter a porta aberta para que elas entrem. Mas isso significa que você precisa deixá-las sair.” Domingo de manhã é sabio.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Um amigo meu gosta de brincar com a origem das palavras. Hoje pensei na palavra luto. Que é bem próxima de luta. Lutar, ficar de luto. Brigar contra a tristeza. Apanhar muito e levantar a cabeça para respirar de vez em quando. Pode ser que seja isso mesmo.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Vida moderna

Ja reparou na dificuldade que é pedir uma agua? Com gas ou sem gas? Sem gas. Gelo e limao? Sem gelo. Mas com limao? Nao, meu senhor, so agua mesmo. H2O, sabe? Sei sim, é pra ja. Logicamente, o pedido chega errado na mesa. H2O nao é mais agua, é uma marca de refrigerante.
Droga.

Fita amarela

Entre o 1234 e o 1236 da Avenida Doutor Arnaldo a moradora de rua tomava seu café da manha. Com o olhar perdido entre a fumaça preta dos carros, ela segurava um copinho de café morno do dia anterior. Os pés descalços, a roupa rasgada, a cara encardida e um detalhe singular: uma fita de cetim amarelo presa no cabelo. Por culpa da cachaça ela havia perdido tudo. A casa, o marido, o emprego, até mesmo o juizo. Mas a vaidade nao, isso nunca.

Poesia de Arak

Em que planeta você nasceu? De onde vem a música que escolheu? De onde vem tanta gente? Por quê cada nariz tem uma forma diferente? Onde está a prisão, que você enxerga e eu não? Sobra a sombra, sobra o ponto de interrogação? Por quê não arriscar a primeira lição? Morder a vida, engasgar de tanta informação? Quantos anos você tem? Vai ser igual a quem? Fazer o que quando crescer, se ainda não sabe, que questionar é viver?

domingo, 31 de agosto de 2008

Pantanar

Gente pre-ci-so fazer um comentario sobre a reprise de Pantanal. Simplesmente genial. Digam o que quiserem, mas eu estou assistindo. Adoro. So mesmo Silvio Santos para ressucitar o Almir Sater. E aquelas cenas de bicho entre um capitulo e outro? Passaros voando, jacares fazendo cara de mau para as cameras. Segundo uma amiga minha, tudo tem conotaçao sexual. A Juma e o Juventinho vao dar umazinha no rio ( alias o povo so trepa nessa novela), corta a cena, logo em seguida vem a cena de uma cobra gigante deslizando pela grama. Cavalos correndo? Sexo. Um tronco gigante? Sexo. Gansos levantando e abaixando o pescoço? Com certeza sexo. Mensagens subliminares. Tudo é sexo. Ah ta, por isso que essa novela fez tanto sucesso, tendi.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Meus sete anos

Quando a gente é pequeno normalmente tem todas as respostas, inclusive o que vai ser quando crescer: artista de cinema, claro. A resposta parece tao obvia para uma leonina sabichona. Com toda sabedoria dos meus sete anos, traço um plano de carreira: vou começar pelo teatro, depois vou para o cinema e com sorte me descubro cantora fazendo um musical. Ensaio os autografos para os fas, afinal nos artistas nao podemos negar um carinho ao publico. Ensaio as cenas na frente do espelho, passo o batom vermelhao da minha mae, me imagino num drama e solto um o choro emocionante. Coloco um cd de musica ao vivo e finjo que os aplausos sao para mim. A melhor coisa para ensaiar entrevistas, é usar o controle remoto como se fosse um microfone. Separo na cabeça meus cantores favoritos, minha opiniao sobre as coisas para dizer ao entrevistador. Aos sete anos é tudo tao certo. Queria te-los de volta para ter essa certeza das coisas. Quando eu era uma amostra gratis de gente acho que sabia mais do que hoje. E se alguma resposta me faltasse, perguntava pro meu pai e ele logo respondia. Bem, o fato é que vinte e um anos depois tudo parece estar tao confuso. Quando, onde, por que, por que? Se as crianças vivem fazendo mil perguntas, parece que os adultos nao sao muito diferentes. Cresci e nao tenho a minima ideia do que vou fazer, respondo à menina de sete anos que vive dentro de mim.

Wizzzzzzdom

Hoje resolvi fazer uma citação de um pensador muito importante: meu pai. Saímos para beber e contei que uma grande amiga havia tomado um toco do namorado. Foi quando ouvi esta pérola: "lei da física minha filha. Um pé na bunda dá velocidade na vida." Tem razão, o cara era mesmo um atraso. Gênio, pai.

Migo

Este pequeno espaço andou meio esquecido ultimamente. Por isso esta semana resolvi aproveitar o vento que soprou as minhas velinhas, para tirar a poeira destas humildes páginas. Já que estamos em época de festa, a melhor coisa é falar dos grandes responsáveis por ela: os amigos. O que seria das advertências do condomínio se não fossem eles para fazer barulho? De quem a bruaca da vizinha poderia reclamar, se não fossem as mininis rindo alto no meio da sala? Cara, ter amigos de verdade faz tudo valer a pena. Até mesmo correr o risco de escrever um texto assim, meio melado, meio breguinha. Tudo bem, eles merecem. Todo mundo tem uma definição básica do que é ser amigo: amigo de verdade é isso, amigo de verdade é aquilo. Para mim, amigo de verdade é aquele que você fica sem ver durante dois períodos paleolíticos e quando reencontra, está tudo igual. O dólar caiu, voltou a subir, a polícia federal fez mais uma operação com nome esquisito, a Xuxa saiu pela vigésima vez na capa da Caras com o mamão do Luciano Zafir e vocês dois estão lá, tomando um chopinho como se nunca tivessem deixado de se ver. Tá, é cliché, mas pôr-do-sol também é cliché e nem por isso deixa de ser legal. Taí, amigo é igual a pôr-do-sol. Ui, que péssima essa. Tá vendo? Um bom amigo perdoaria uma analogia tosca. Porque um bom amigo acha graça nos teus defeitos, aponta coisas em você coisas que nem a sua mãe teria coragem de criticar. Esta é a segunda definição de um bom amigo. O destemido. Ele não tem medo de um possível xilique seu e solta aquela crítica que bate lá no fundo, faz você rever valores, mostra um jeito novo de pensar a vida. Ele não fala só o que você quer ouvir, porque para isso já existe o Paulo Coelho. Agora colocando as definições de lado, o fato é que ter uma agenda com mais amigos do que números de dentista e rádio taxi é um luxo. Eu digo luxo por que cruzar com estas pessoas não foi nada fácil. Primeiro você teve que topar com muita gente que comenta o tempo no elevador, com muito chato ressucitado pelo Orkut, com muita gente que não te ouve e fica ali, com a senha na mão esperando a vez de falar. Encontrar essas pessoas foi uma busca incessante pelos bares, pelas livrarias, pelas boates. Oi? Desculpa, não tô te ouvindo, a música tá muito alta. Vou até o bar pegar um drink e volto nunca mais. Oceanos de saliva desperdiçada até que um belo dia…ele aparece iluminado por uma luz dourada. Aquela pessoa interessante, cheia de idéias novas, que leu um monte de livros que você ainda não leu. Foda-se a televisão do bar, vocês têm assunto. Pronto, é amor, amor de amigo. O único que tem durado mais do que o ciclo da minha máquina de lavar. Graçon, traz mais uma, mais duas, mais três. Tin, tin. A vocês.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O encontro

Um dia sentei no banco de uma praça. Na época eu ainda fazia medicina e estava esperando um amigo da faculdade para almoçar. Fui virar a página do jornal quando senti uma mão gelada encostando no meu ombro.

- Posso sentar?

Olhei para ela e respondi que sim. A gente se conhecia há muito tempo e já fazia alguns meses que não nos encontrávamos. Ela tinha envelhecido, os cabelos estavam compridos e apesar de alguns fios brancos, ela continuava linda.

- Faz tempo, né?

Respondi que sim.

Ela me perguntou se eu estava bravo.

Não respondi.
- Está me evitando? Eu fiz aquilo tudo para o seu bem.

Silêncio de novo. Como sempre ela tinha toda razão, não dava para esconder dela nenhum sentimento. Nossos encontros eram sempre tao dificeis, eu nao sabia lidar com o jeito que ela fazia eu me sentir. Sempre me questionando, me fazendo pensar demais. Vivemos muitas coisas boas juntos, mas `as vezes ela me fazia sofrer. Eu queria ficar mais tempo com ela e ouvia sempre as mesmas reclamações. Que dava atenção demais aos meus amigos, que a gente pertencia um ao outro e mesmo que eu tentasse, a gente nunca ia se separar.

- Posso ficar um tempo aqui sentada com voce?

Com uma certa resistência, disse que sim. Peguei meu walkman e coloquei os fones no ouvido. Apertei o play e comecei a ouvir Billie Holiday. Esqueci que ela estava ali e comecei a cantar. Quando a música acabou, abri os olhos e vi que ela esatava me olhando fixamente. Abriu um sorriso. Ficamos sentados durante um bom tempo.

Finalmente a solidão e eu fizemos as pazes.

sábado, 9 de agosto de 2008

Ontem antes de dormir me veio essa frase na cabeça.

Nao preciso ter pé, nem cabeça. Minha alma ja me basta.

Celebrity

Gente o programa de hoje é sobre celebridades. É isso mesmo pessoal de casa, as chamadas celebrities que hoje invadem os noticiarios, as revistas, o banheiro da sua casa, a caras do seu cabelereiro. Gostariamos de deixar bem claro que nao queremos ganhar audiencia falando delas no nosso bloguinho. Até porque isso seria bastante pretensioso da nossa parte. O lance é que precisamos fazer o nosso protesto. No programa de hoje a vitima é a belissima Fernanda Lima. Para voce, machinho de plantao, que vai dizer que é inveja, nao é nada disso. A mulher é maravilhosa sim, a gente sabe. Agora, sair na capas das revistas duzentos quilos mais magra, apenas dois meses apos ter dado é luz é demais para nossa cabeça. Nenhuma mulher, amamentando dois gemeos emagreceria tanto em tao pouco tempo. Pode perguntar à equipe do Globo Reporter. Ela esta fazendo um regime e daqueles. O que significa que os dois pimpolhos recém chegado na terra, devem estar tendo que tomar leite magro com adoçante. Oh, coitados. Além do mais, caros telespectadores, algumas desavisadas de plantao podem mesmo achar mesmo que isso é possivel e correr serios riscos de saude. Hellooooo, isso nao é normal. Porque ao inves de escolher um lipoaspirador, sei la como chamam os especialistas nisso, ah é, cirugiao plastico, ela nao escolhe ser honesta com as outras mulheres? Ok, faça o que quiser, mas nao saia por ai, pagando de gatinha, dizendo que emagreceu de felicidade. Além de todas as cobranças que as mulheres tem, so faltava essa: descer os degraus da maternidade vestindo aqueles biquinis de paete cafona e posar na Boa Forma. Ah Fernanda, deixa a gente em paz. Deixa a gente curtir as redondices, deixa a gente emagrecer sim, mas na boa, sem noia. Sabe o que a gente acha? Que voce é a maior xarope, xarope de xenical.

E na proxima semana, nao perca: nao vamos falar sobre a Amy Winehouse.

Para nao morrer

Para Yuki ler.




Escrever para nao morrer de raiva.

Do caralho, da puta que o pariu, do transito.

Escrever para nao morrer de amor.

e pouco a pouco ir juntando as palavras tao solitarias, abandonadas pelo vocabulario popular.

Escrever para nao morrer de tedio nas linhas retas do texto.

Para nao morrer de tristeza com Z, que deixou o S para fora da palavra choramingando.

Escrever para nao morrer de decepçao, frustraçao, todas as palavras com um começo diferente e o mesmo fim.

Escrever para nao viver de pontos, colocar vrigulas, pausas, acentos.

Escrever que é para viver feliz.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Drink'n dial

Drink’n dial. Voce bebe e na empolgaçao da cachaça seu telefone vira uma arma mortal. Voce dispara torpedos sem noçao, achando tudo super engraçado. O problema é que normalmente nestas horas, so voce e algum outro cachaceiro ao lado entendem a piada. Bebado é foda. Na manha seguinte voce acorda com uma sensaçao estranha. Abre os olhos e depois de algum tempo solta um sonoro: ah naaaaaao. Parabéns, voce acaba de lembrar das cagadas de ontem. Dai vai checar o celular, pronto, fodeu. As maiores vitimas do drink’n dial segundo as pesquisas do IBGE sao os ex namorados. Voce manda uma mensagem para chorar as pitangas da saudades, ou entao simplesmente solta um sonoro: canalha. Parece que quanto mais a gente bebe, mais as emoçoes se mexicanizam, por isso cuidado. Tem também as ocorrencias com paquerildos. Nunca, jamais, mande uma mensagem bebada para um futuro, atual peguete. Além de achar que voce pertence à linhagem Roitman, tem grandes chances de ele nao estar manguaçado e nao achar graça nenhuma na sua mensagem cheia de erros de digitaçao. Por isso amiga, ao beber nao dirija e sobretudo nao mande sms. Além de bater o carro, voce corre o risco de pagar um mico bem cabeludo. Va de taxi e na proxima, ve se deixa o celular em casa.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Receitinha piegas

Outro dia minha prima casou e fez aqueles rituais todos que eu costumo evitar: cha de cozinha, de cadeira, de bebe, enfim. Ela pediu para que cada convidado levasse uma receita. Como meu forte é a patinaçao artistica e nao a cozinha, levei isso ai:

Receita de bolo, quindin e torta todo mundo tem. Ja a medida da felicidade a gente vai descobrindo aos poucos, colocando um ingrediente, tirando outro, aumentando o forno, deixando as coisas esfriarem com o tempo.

Eis a minha receita


Comece separando um bocado de discos
Esquente com jazz

Reuna alguns amigos em volta de uma mesa
Acrescente vinho, muito, muito vinho


Conte historias mirabolantes que voces viveram, invente outras
Coloque sal e pimenta a gosto

De risadas sem medir o volume
Fale bobagens que amanha voces vao esquecer

Agradeça os elogios pelo jantar que voce comprou pronto
Deixe a louça toda para amanha

Se despeça dos amigos com um abraço de irmao
Apague a luz e va dormir de conchinha.

Mulher de cinza

Era uma vez uma menina de familia rica que começou a crescer e não parou nunca mais. Esticou suas pernas e braços. E um dia acordou sem conseguir respirar. Faltava ar. Ao amadurecer, endureceu. Começou a ganhar dinheiro, que brotava em pé. Pézinho de café. E de tanto enriquecer, de tanto se abrir, perdeu seus modos, sua educação.

Foi violentada e esfriou. De tanto chorar, virou terra da garoa. Foi rasgada por prédios, que não paravam de se erguer. Se tornou mãe e madrasta porque acolheu sem dar trégua. E hoje cria filhos loucos, mendigos, que apesar de seus maltratos, não tem mais a quem abraçar. Incentiva seus bandidos com amargura e exclusão. Satisfaz urbaninhos com seus prazeres da noite. Cuida das unhas de suas socialites e engarrafa as emoções de uma vida passada no trânsito.

Virou empreendedora, constrói e vende felicidade por metro quadrado. Nos Jardins ou Morumbi, você é mais feliz, pode ter certeza. Quem precisa de Paris, quando se tem um dois dormitorios no Chateau de qualquer coisa?
E a gigante cresce assim, de noite ela é magnata: `as vezes usa gravata, `as vezes vestidos com brilho. Freqüenta restaurantes de luxo. Abre as pernas e deixa passar por suas largas avenidas carrões importados, que arranham a sua pele preta de asfalto. De noite ela brilha, esconde suas rugas. Sua pobreza fica debaixo das saias de seus viadutos.

De dia ela é suja, pixada, tem a maquiagem borrada e a camisa suada de trabalho. Esconde pessoas atrás dos vidros, dentros dos carros, debaixo dos capacetes, atrás das janelas. Esconde amores em praças cinzas, ciúmes em cruzamentos engarrafados. Seu sonho é um dia ter um pedacinho de céu.

Sampa, você é assim: um amor que eu nunca esqueci. Quero te fotografar, te explorar, te deixar e um dia pensar nas saudades que você me dá.

Acordei com o pé frio

Numa manhã fria de segunda eu mal acordei e já te conhecia. Você visitou meus sonhos. Era moreno, as vezes loiro, num mes ruivo, no outro castanho claro. Algumas vezes voce tinha uma barriguinha que esticava o elástico da bermuda. Eu gostava e dava aqueles apelidos que só ficam brega nos outros. Você me levava pra jantar, dançar, caía de bêbado comigo. Depois a gente transava a noite inteira. Eu dava risada das tuas caras de sedutor, do teu jeito desajeitado. Te seduzia com os cabelos soltos, fazia pinta de sexy. E nem me preocupava de ter esquecido aquele pelinho extra, nem tão sexy assim.

Gostei de você muito, pouco, médio, não gostei de nada do que você me fez. Tentei descobrir o que você queria, deixei até de pensar em mim. E foi aí que você me assaltou. Roubou meus pensamentos, minha atenção em plena sessão de cinema.

Me deixou nervosa, por gostar demais de você ou angustiada, por me sufocar com os teus presentes. Jogou em mim a fumaça ansiosa do cigarro aceso logo de manhã. Com você eu estou de saco cheio. Mas sem você o tempo não passa. Às vezes é você quem parte, `as vezes sou eu quem sai correndo.

E haja pique para todo esse exercício: dispara, encolhe, abre, fecha, expande, quebra e se distende. Pelo menos de artrite esse coração não morre. Tudo isso por sua causa: Tiago, Rodrigo, Agusto, Felipe, Gabriel, André, foram dois. Tantas vezes eu tentei explicar: gosto da cerveja com as amigas toda terça. Tô querendo ser mais egoísta. Nao preciso de ajuda, mas queria uma maozinha pra trocar a lâmpada. Nao estou te pedindo nada, so sonhando mesmo. Quem sabe um dia voce nao aparece?

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Nome de esmalte

Outro dia eu e as mininis estávamos comentando sobre nomes de esmalte. Gente, nome de esmalte é a coisa mais brega que existe. Por que ao invés de ser roxo ou o vermelho, o esmalte tem que chamar “ final feliz”??? Peloamordedeus, que mente doente é capaz de pensar num nome desses? Será que é para eu achar que tudo na minha vida vai se resolver com uma camadinha de rosa? Além dos românticos, tem a categoria dos esmaltes psicóticos: “malícia”, “ desejo”, “fortuna”, “obsessão”, tem até o “ boa sorte”. Que é isso minha gente, parece que nós somos um bando de loucas, desesperadas, pintando as garras para pegar o primeiro que aparecer na frente. Vai lá filha, passa um “boa sorte” e vê se arranja logo esse marido. Agora, o favorito dos favoritos para mim, a grande poesia dos esmaltes é o “ ti ti ti”. Uma cor inspirada no clima dos salões de beleza. Só pode ser.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Lei seca. Dica número 2

Além de fazer amigos no AA, outra dica boa pra não ser pego pelo bafômentro é comprar um táxi. Ouvi isso e achei simplesmente ge-ni-al.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Aquele dia

Sabe aqueles dias que você olha para fora da janela e acha a vida linda? Ou melhor, aquele dia, porque esses dias não são tantos assim. Pois é, você ouve uma música fofa tipo Kings of Convenience, o céu brilha lá fora, você se sente amada, cheia de amigos, seu cabelo tá bom, nem muito volume, nem pouco, o movimento ideal, chega até a brilhar. Ah como esses dias são raros... A gente pensa que vai dar tudo certo, coisas incríveis ainda vão acontecer. Como se esse dia fosse terminar igual a último capítulo da novela, com todos os personagens da sua vida em um casamento, cada um sorrindo, de de braços dados com seu amor. E no final da cena, todos se abraçam enquanto a câmera vai subindo, mostrando o elenco inteiro. Nesses dias você caminha pela rua em câmera lenta e as árvores soltam folhinhas em cima de você. É como se a sua vida fosse um clipe, as pessoas olham para enquanto você atravessa a rua. Tá tudo bem, tá tudo ótimo, nem que seja só até hoje `a meia-noite.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Deve ser mesmo alguma lei da físia, quanto mais de saco cheio você fica, mais vazio você sente. Hoje de manhã acendi uma vela pro meu anjo da guarda, pedi pra ele mudar a minha vida radicalmente, me trazer um belo espanhol, dono de uma vinícula no sul da França. Com bigodinho charme e tudo. Pedi também pra mudar de emprego, ser descoberta por um produtor famoso e estourar nas paradas da Billboard. Fazer uma tournê pelo mundo. Mas do jeito que a coisa anda, se a casa não estiver em chamas quando eu chegar, já está bom demais. Ah, como é bom ser otimista.

domingo, 13 de julho de 2008

Quando acaba

Quando a gente sabe que acaba? Em qual momento, segundo, em qual dos beijos a gente ja nao era mais a gente? Entre qual filme? Sera que foi no momento em que o microondas estourou dizendo que a pipoca estava pronta? Sera que aquela linha na escova de dentes marcando a hora de trocar foi quem ditou o nosso fim? O que fez da gente dois estranhos, dois mortos que jantam? A gente presta atençao na conversa da mesa ao lado. Nossos beijos sao burocraticos, nosso sorriso é carimbado por uma impressao de fim. Somos o casal da pizzaria de domingo, que senta um ao lado do outro com dois copos de chopp intocados. Eu tomo banho de porta fechada, voce nao me pede mais livros emprestados. Eu nao levanto mais cedo que voce, so para escovar os dentes e dar o primeiro beijo da manha. As vezes acho que meu padeiro me conhece mais. Eu nao vejo mais graça no que voce fala, nao vejo graça em nada, nem nesse texto. Acabou.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Estamos na seca

Pela nova lei, o motorista que ingerir uma mísera gotícula de álcool vai preso. É isso mesmo minha gente, pijama listrado nele. Por isso aí vai a minha dica para você, pinguço que está tremendo de abstinência: faça amigos no AA. Assim você enfia o mocassim na jaca e ainda garante alguém para voltar dirigindo o seu carro. Um brinde`as novas amizades. Garçon, cadê meu uísque?

terça-feira, 1 de julho de 2008

Supercalifragilixpiexpialidoucious

Por que sera que as pessoas mais velhas tem o costume de dizer que o tempo passa rapido, se justamente na vida delas nao acontece nada para que elas tenham essa impressao? Como pode o tempo passar rapido, assistindo reprise de novela e fazendo palavras cruzadas? Apesar dessa constataçao, sabe que ultimamente tenho concordado com elas? Ao fazer quase nada, passando esmalte nas unhas (detalhe que vale a pena comentar: o nome da cor é “final feliz”, nomes de esmalte valem um post so para eles), percebi que os ultimos seis meses voaram, sem que eu fizesse grande coisa. Nao fiz novas amizades, nao fiz uma viagem incrivel e nao descobri a cura para nada, inclusive para o meu tédio. Ao contrario do ano passado onde eu viajei, descobri coisas de dar inveja a Marco Polo, terminei um namoro, comecei outro, mudei de casa, de trabalho e até xaman eu encontrei, estes ultimos seis meses so de castigo, foram tao intensos quanto uma tarde no bingo. Tudo bem, precisava de um tempo para as coisas entrarem em orbita. Mas agora que a casa esta montada, moveis pé palito foram comprados, as plantinhas estao todas regadas, estou esperando as visitas. Alguma coisa incrivel precisa bater à minha porta. Um filho que eu tenho e nao sabia, uma herança, alguma coisa. Sou viciada em acontecimentos, nasci assim, nao tem mais jeito.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Depilaçao

Um desabafo, certeiro e conciso. Como a depilação, feita o mais rápido possível para ser indolor. As vezes é assim, achando que não temos o direito de sermos felizes, a gente aguarda o bote do bofe amado. Exatamente. Em plena sessão de cinema, você olha para a cara do sujeito e diz para você mesma: não é possível, está bom demais para ser verdade. Então você vê a morte com uma foice aparecendo por trás da poltrona. É o fim. Algo de terrível vai acontecer. E você faz de tudo para acelerar esse toco, afinal você sabe que ele é inevitável. É nessa hora que você vira vidente, mãe Dinah e mesmo sendo tão charlatã quanto ela na arte do adivinho, você acha que sabe exatemente o que vai acontecer. Por que sera que que temos a sensação de que quando está tudo bem, vai acabar? Por que sera que logo no dia que a gente vai cortar o cabelo, ele resolve ficar bom? Ou então por que a cerveja parece ainda mais gelada quando a gente não pode beber? Parece que no fundo a gente quer mesmo é perder, para depois poder dar valor. Afinal se você visse aquela mesma paisagem todos os dias, ou aquela mesma cara dizendo que te ama, você mudaria de canal, apertaria o mute e iria pro bar pegar um drink. Talvez ter um alvo impossível, sentir que você precisa conquistar, signifique fugir de si mesmo. Do Pedro pro Paulo, do Paulo pro Felipe, que parece tanto com o Paulo. E por aí vai, a ciranda de bofes, esquecendo de um com o outro e no final esquecendo de você. Dando toco e levando, alternadamente. Até ficar sem gás, sem energia, como uma Tubaína velha na prateleira do Extra. E tudo isso porque a gente escolhe assim. A gente provoca tudo isso. Ação e reação. Física, queridinha. Precisamos crescer, acreditar, saber o quanto a gente vale. Afinal, nós somos Coca Cola, porra.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Queria ser um serial killer

Queria ser um serial killer. Pegar a minha metralhadora e me livrar de todas as pessoas que me irritam. Mataria todas elas, uma por uma, sem dó nem piedade. Aquele puto do flanelinha, a vaca da vizinha, o operário da obra que não me deixa dormir, o porteiro que fica se metendo na minha vida, minha ex-mulher, freiras, muitas freiras. Seria preso por homicídio coletivo e na minha entrevista diria para imprensa feliz e contente que não me arrependo pela morte daquela gente cretina. Sairia no jornal, a população gritaria meu nome na porta da delegacia, ficaria famoso, venderia camisetas com a minha foto por um dólar e cinquenta. Da cadeia escreveria um livro, que estaria entre os best sellers das livrarias, ao lado de Paulo Coelho. Tatuaria putinhas com caneta bic, cortaria a garganta dos meus companheiros de cela, seria o homem mais sozinho do mundo. Chocaria até Bucovski. Teria desprezo pelas crianças e uma mão calejada pelos socos entregues. Minha camisa teria manchas de sangue e não essa caveirinha silcada do lado esquerdo do peito. Meus gritos seriam temidos e minha revolta seria maior do que apenas rasgar essa porra de folha de papel.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Ler da cancer

Um dia belo dia saiu no jornal: um médico americano descobriu que uma taça de vinho era capaz de aumentar nossa expectativa de vida em até um ano. A França vibrou com a notícia. Mas a alegria durou pouco. No dia seguinte veio a decepção: descobriram que um cigarro significava um ano a menos de vida. Do dia para noite os bistrôs ficaram `as moscas. Se não se pode fumar, então é melhor não beber. Para o desespero da população mundial, os artigos infestavam os jornais: salsicha dá cancer, mais previne o envelhecimento. Chocolate é anti-depressivo, mas dá gastrite. E quando alguém achava que poderia fazer fortuna com um produto, logo vinha a catástrofe: faz bem, mas dá bafo. Fazendo equações e cálculos, as pessoas tentavam encontrar um jeito de viver. Se eu fizer isso, ganho mais um ano de vida, mas ao mesmo tempo perco um ano se fizer aquilo. Pouco a pouco deixaram de comer, deixaram de usar cosméticos, deixaram de tomar sol, deixaram até de comer brigadeiro. Dizem que apenas uma pessoa sobreviveu: um homem que não sabia ler.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Casamentos

Fui madrinha de um casamento neste sabado, entao eis a minha pequena conclusao:

Eu bebo, você bebe, ele bebe.
Nós bebemos, vós bebeis, eles bebem.
Daí em diante é so putaria.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Homem devia vir com bula

No meu primeiro texto ja vou logo avisando: este blog nao tem alguns acentos. Nao é pra ser moderninha, nao acho consigo me achar nesse tecladinho gringo. Esta dito, agora vamos ao que interessa.


Homem devia vir com bula. É isso mesmo, uma bula gigante, um pergaminho que pudesse nos explicar todos os efeitos colaterais, reações alérgicas e todas as doenças relacionadas ao amor. Ja pensou amiga, como a nossa vida seria mais facil? A gente poderia classificar os bofes em anti-depressivos ou simplesmente como anestésicos contra historias antigas e dores de cotovelo. O canalha viria com o alerta de dor de cabeça, o confuso com aviso de labirintite e o grudentinho com efeitos indesejaveis como enjoo.

Quando Deus fez o homem, deu uma costela de Adao pra Eva. Quando na verade devia ter entregue uma bula que avisasse a coitada da fria que estava se metendo ao sair com um cara maria-vai-com-as-outras igual ao Adao. Ja pensou que delicia, ler na bula de um gostosao que ele causa arrepios e gozadas interminaveis? Alguns homens durariam menos tempo que outros na prateleira. Mas e dai? Quem mandou ser um cara chato, cuja bula diz dar sono? A gente teria muito menos decepçoes, menos dores de cabeça com aquele maldito indeciso que esqueceu de avisar que a ex causaria tantos efeitos colaterais.

Uso moderado indicaria que o fulaninho so serve pra uma rapidinha e nada mais. Doenças cardiacas seriam dizimadas e a bula nos impediria de engolir qualquer papinho enganoso. O placebo seria aquele cara que mesmo sem fazer nada concreto, ajuda na fase carente. Meu Deus, eu juro que se voce colocar uma bula nos homens, eu leio tudinho, até o final. Mesmo que sejam letrinhas minusculas. Agora me diz, tem um calmante ai?