quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

OAiéuó da moda


Falando em essencial e fútil, li essa frase num blog de moda. Gostei.

"O mais triste para uma vítima da moda é ser enterrado com uma roupa e saber que terá que usá-la para a eternidade."

http://colunas.gnt.com.br/euseitudodemoda/

Farofáfá

Viajando pela Bolívia, inventei essa nova expressão: farofa no deserto é ouro. Me explico: em um lugar onde falta tudo, até água, qualquer coisinha extra torna-se uma verdadeira relíquia. É aí que a gente vê que o nosso cotidiano é feito de muitas, muitas coisas. Pequenas, grandes, objetos e mais objetos. E só nos damos conta do valor de cada uma delas nessas horas. Viagens transformam muitos dos meus pertences em inutilidades e coisas que eu achava insignificantes em pequenos tesouros.



Oda a las cosas
de Pablo Neruda

Amo las cosas loca,
locamente.
Me gustan las tenazas,
las tijeras,
adoro las tazas,
las argollas,
las soperas,
sin hablar, por supuesto,
del sombrero.
Amo todas las cosas,
no sólo
las supremas,
sino
las
infinita-
mente
chicas,
el dedal,
las espuelas,
los platos,
los floreros.

Ay, alma mía,
hermoso
es el planeta,
lleno
de pipas
por la mano
conducidas
en el humo,
de llaves,
de saleros,
en fin,
todo
lo que se hizo
por la mano del hombre, toda cosa:
las curvas del zapato,
el tejido,
el nuevo nacimiento
del oro
sin la sangre,
los anteojos,
los clavos,
las escobas,
los relojes, las brújulas,
las monedas, la suave
suavidad de las sillas.

Ay cuántas
cosas
puras
ha construido
el hombre:
de lana,
de madera,
de cristal,
de cordeles,
mesas
maravillosas,
navíos, escaleras.

Amo
todas las cosas,
no porque sean
ardientes
o fragantes,
sino porque
no sé,
porque
este océano es el tuyo,
es el mío:
los botones,
las ruedas,
los pequeños
tesoros
olvidados,
los abanicos en
cuyos plumajes
desvaneció el amor
sus azahares,
las copas, los cuchillos,
las tijeras,
todo tiene
en el mango, en el contorno,
la huella
de unos dedos,
de una remota mano
perdida
en lo más olvidado del olvido.

Yo voy por casas,
calles,
ascensores,
tocando cosas,
divisando objetos
que en secreto ambiciono:
uno porque repica,
otro porque
es tan suave
como la suavidad de una cadera,
otro por su color de gua profunda.
otro por su espesor de terciopelo.

Oh río
irrevocable
de las cosas,
no se dirá
que sólo
amé
lo que salta, sube, sobrevive, suspira.
No es verdad:
muchas cosas
me lo dijeron todo.
No sólo me tocaron
o las tocó mi mano,
sino que acompañaron
de tal modo
mi existencia
que conmigo existieron
y fueron para mí tan existentes
que vivieron conmigo media vida
y morirán conmigo media muerte.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ilusão palavra




Numa viagem ao deserto me encontrei. Caminhando pelas dunas, vi minha vida passar como num filme. De repente tive uma iluminação e entendi tudo: precisava mudar de trabalho, ter mais qualidade de vida, passar menos tempo no computador, dar valor a coisas mais importantes como o ar, a terra, as estrelas. Sabia exatamente o que fazer e pra onde ir. De repente tudo ficou tão claro. Eu juro para você, tudo isso é tão verdadeiro quanto uma miragem. Adoraria que tivesse mesmo sido assim, mas não foi. Porque pensar que as soluções vão aparecer do nada é uma idéia bonita. Tão bonita quanto uma miragem onde você pula sedento em um laguinho e ao abrir os olhos descobre que está com a cabeça enfiada na areia. Ilusão, doce ilusão. A verdade é que a gente espera soluções mágicas pra tudo, ou quase tudo. Ao invés de fazer regime, a gente acredita no poder do diet shake. A gente prefere apostar na tele-sena do que pensar em como mudar de vida. O ser humano é assim, eu sou assim, provávelmente você é assim. O deserto não me fez ter estalos e visões. Ele só me deu o que ele poderia dar: paisagens lindas, que eu nunca mais vou esquecer. Deixou de souvenir alguns grãos de areia no meu ouvido e esvaziou a minha cabeça. Mas, pensando bem, será que a mágica não é essa? Quem sabe agora com mais espaço, não entra algo novo de verdade nela?