quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O encontro

Um dia sentei no banco de uma praça. Na época eu ainda fazia medicina e estava esperando um amigo da faculdade para almoçar. Fui virar a página do jornal quando senti uma mão gelada encostando no meu ombro.

- Posso sentar?

Olhei para ela e respondi que sim. A gente se conhecia há muito tempo e já fazia alguns meses que não nos encontrávamos. Ela tinha envelhecido, os cabelos estavam compridos e apesar de alguns fios brancos, ela continuava linda.

- Faz tempo, né?

Respondi que sim.

Ela me perguntou se eu estava bravo.

Não respondi.
- Está me evitando? Eu fiz aquilo tudo para o seu bem.

Silêncio de novo. Como sempre ela tinha toda razão, não dava para esconder dela nenhum sentimento. Nossos encontros eram sempre tao dificeis, eu nao sabia lidar com o jeito que ela fazia eu me sentir. Sempre me questionando, me fazendo pensar demais. Vivemos muitas coisas boas juntos, mas `as vezes ela me fazia sofrer. Eu queria ficar mais tempo com ela e ouvia sempre as mesmas reclamações. Que dava atenção demais aos meus amigos, que a gente pertencia um ao outro e mesmo que eu tentasse, a gente nunca ia se separar.

- Posso ficar um tempo aqui sentada com voce?

Com uma certa resistência, disse que sim. Peguei meu walkman e coloquei os fones no ouvido. Apertei o play e comecei a ouvir Billie Holiday. Esqueci que ela estava ali e comecei a cantar. Quando a música acabou, abri os olhos e vi que ela esatava me olhando fixamente. Abriu um sorriso. Ficamos sentados durante um bom tempo.

Finalmente a solidão e eu fizemos as pazes.

Um comentário:

haydee serpa disse...

adorei,
mas vc fez isso com sao paulo, agora com a solidao, chega de esconder coisas nas pessoas. hahahahaha,
te amo tanto loiricu