quinta-feira, 25 de março de 2010

Música pra lembar


Saudades de não sei o quê,
fome de um gosto,
lembrança de um vento gelado no rosto,
uma música que eu ouço,
me lembra do que eu já não sei mais,
de uma dor que ficou para trás
de uma imagem que se apagou
que o tempo insiste em levar
e que eu faço força para não esquecer.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Texto publicado no Blônicas dia 8 de março

Por que hoje eu não vou comemorar

Porque como o índio, ainda é preciso de uma data para que a mulher seja lembrada. Parabéns por quê, posso saber? Por trabalhar igual e ganhar menos do que os homens, ou será pelo meu bom humor diário, apesar dos vídeos de baixaria que os meus colegas insistem em achar hilários? Hoje descobri que até santo google é machista. Pergunte o que ele acha de nós mulheres e você vai dar de cara com a palavra pelada. Juro, terceiro link. Não é fantástico? No embalo da pesquisa me aventurei também pelos sites de citações.
Descobri que aquele escritor que eu amava de paixão na adolescência, não deitou a caneta uma só vez para fazer elogios às mulheres, muito pelo contrário. Filósofos, escritores, políticos, se dois fizeram um comentário positivo, eu juro que foi muito. Separei até uma das pérolas que eu encontrei para vocês: “A mulher não é um génio, é um elemento decorativo. Não tem nada para dizer, mas di-lo tão lindamente”. Não é simplesmente um amor? Esse mundo que nos elogia e presenteia com rosas espinhudas todo dia 8 de março, insiste em pleno 2010 nos mesmos adjetivos: frágil, delicada, volúvel. Sim, afinal em mulher não dá para confiar, é ou não é Adão? Isso sem falar nos anúncios em nossa homenagem. Tenho um leve palpite de que nessa data baixa o espírito Wando nos publicitários: jornais e revistas se enchem de anúncios com marcas de batom, rosas vermelhas e colarzinhos de pérola. Faltou só a calcinha. É amiga, o Dia da Mulher se tornou simplesmente a coisa a mais cafona que existe.
Por isso se você curte, eu respeito. Mas eu me prometi que só vou comemorar no dia em que a gente não precisar mais dessa data para nada, além de uma boa desculpa para jantar fora. Quando o mundo olhar para nós como a letra do Erasmo: fortes, inteligentes, companheiras e não como um penduricalho fútil que gasta sem parar no cheque especial. Porque nós mulheres aguentamos sei lá quantas vezes mais a dor do que o homem, agora bobagem tem limite.