quinta-feira, 5 de abril de 2012

Comfort

O conforto me incomoda. Me ameaça, me dá medo de que eu goste demais dele e que em pleno namoro ele me abandone, acostumada demais `as suas regalias. O conforto para mim é um perigo. Quer coisa mais ameaçadora do que uma soneca no sofá em pleno sábado `a tarde? Que absurdo, não pode. Vai quê alguma coisa. Não aceitar o conforto é como esperar uma guerra que não estoura, confundir a ameaça de uma bomba biológica com um inofensivo pum do vizinho no elevador. O conforto é um tapete felpudo que eu puxo de mim mesma sem aviso. É como andar descalça numa esteira, na ilusão de que eu estou em movimento. Puro delírio de uma cabecinha que confunde tranquilidade com morosidade, vontade de descansar com preguiça. Um dia eu aprendo. Um dia, quando eu crescer, quero me dar uma caixa de conforto de presente, sem me sentir na obrigação de devolvê-la.

2 comentários:

Lion disse...

complicado isso, hein?

Fernanda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.