terça-feira, 6 de março de 2012

Começar, começando.

Escrever é tão solitário, que o simples fato de observar a vida alheia já me dá um certo alívio. Ok, tá tudo certo, fora dessa tela branca tem gente mergulhando em Fernando de Noronha, deitando na Paulista fazendo protesto, fotografando o próprio pé, na cama com os gatos. O problema é que esse alívio quase imediato, traz na sequência uma angústia danada. Porque mesmo com duas profissões, pouco tempo para escovar os dentes e ir ao banheiro, ainda caio na armadilha de achar que estou fazendo pouco. E tenho a impressão de que essa síndrome de Shiva, não acontece só comigo. Meu amigo dentista quer ser fotógrafo, o médico quer ser dj, o dj quer ser médico e se der tempo, nas horas vagas, campeão de esgrima. Parece ser o que somos já não basta mais. O que é maravilhoso por um lado, mas por outro, a provável causa da multiplicação das caixinhas de ansiolíticos. Fico pensando que se o Da Vinci vivesse na nossa época, estaria esculpindo, pintando, projetando, fazendo música, tudo igual. Mas ficaria pirado ao ver a página do Michelangelo ali, toda cheinha de novidade. Ou seja, de 500 anos para cá, o problema continua o mesmo, só que maior: a grama ( pelo menos no meu caso) dos 553 vizinhos. Por mais contraditório que isso possa parecer, olhar para os outros só deixa a gente ainda mais sozinhos. Então a solução é fechar a cortina, desligar o que não importa e continuar a fazer, fazendo.

3 comentários:

Filipe disse...

Que maravilha que você voltou a postar!
Seus textos são encantadores

Zanahoria disse...

Obrigada Filipe!

Lion disse...

Bom reler vc...

Belo texto, menina