terça-feira, 23 de setembro de 2008

Pateta, só para relembrar

Dia Mundial sem Carro

Caçando assunto, descobri que ontem foi Dia do Contador e Dia Mundial sem Carro. Parabéns atrasado aos amigos contadores, mas vamos falar da opção B que é bem menos monótona. Bacaninha a iniciativa do Dia Mundial Sem Carro. Mas sinceramente, mais sacal que aguentar o trânsito, é aguentar o debate sobre ele. Todo mundo já está careca e com a bunda quadrada de saber que o trânsito é um problema sério. Que todos os políticos com nossos preciosos votinhos, vão construir em tempo recorde linhas e mais linhas de metrô. Todo mundo sabe que é preciso ser mais consciente. E por falar em consciência, sempre me pergunto por que as pessoas têm carros tão grandes? Jipes, pick ups. Seria por precaução? Afinal, numa cidade como São Paulo, nunca se sabe quando será preciso transportar um tronco de jacarandá. A verdade é que eu não aguento mais esse papo verde. Tudo é verde: a sacola do supermercado é verde, o detergente é verde, o amendoim é verde, meu porteiro é verde (não sei o que ele tem comido). Veja bem, até o posto de gasolina está dizendo que é verde. Ah tá, você enche o tanque e em troca de muito carbono, eles plantam uma árvore. Só tem um detalhe: até a árvore crescer, você já morreu de velho ou de asfixia. A verdade é que muita gente está pegando carona na onda verde e realmente pouca coisa tem sido feita. A essa altura você pode estar se perguntando: mas e você mané autora deste texto, o que tem feito? Não muito, eu confesso. Queria fazer mais. Minha última boa ação foi ressucitar a minha bicicleta. Descobri a magrela e desde então não nos largamos mais. Passo os finais-de-semana grudada nela. Mas não é o suficiente. Porque mesmo quando se descobre uma boa solução como a bike, em uma cidade como São Paulo ela torna-se um risco. Só para dar um exemplo, outro dia um amigo meu foi atropelado na nove de julho. O motorista desceu do carro assustado e disse ao ciclista: “ tá maluco cara? Cabei de pagar a última prestação desse carro!” Checou se estava tudo bem com o pára-choque do Toyota 3.0, airbag duplo, freios ABS e entrou no carro de novo. Detalhe: além de canalha, o cara era médico. Pois é, estamos longe, muito longe do ideal. Porque o problema da cidade não são só os carros. Lembram daquele desenho do pateta, que quando dirige fica bem loucão? Tenho a impressão de ver milhares de patetas transitando pela cidade. E não é só isso, tem mais. Muito mais. Tem também o problema do…Ei, ei, peraí, quem foi que apagou a luz? O quê? Economizar energia? Mas eu ainda não terminei de reclamar!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Domingo de manhã

Eu adoro os domingos de manhã. Eles não tem pressa de virar domingo a tarde. O domingo de manhã acontece devagar e se espreguiça até as três, três e meia, três e quarenta e cinco, quatro. Domingo de manhã tem cheiro de café forte, de jornal novo, de pijama, de jazz. No domingo de manhã o mundo pára, porque nao há nada a ser feito, nem resolvido, tudo já aconteceu no resto da semana. O domingo de manhã é morno, como a coberta que jajá vai ser trocada pelo chuveiro. Domingo de manhã é um livro, uma idéia, uma lembrança. Uma frase de um romance que totalmente por acaso cai no meu colo e faz todo sentido: “tantas pessoas entram e saem da vida da gente. Centenas de milhares de pessoas. Você precisa manter a porta aberta para que elas entrem. Mas isso significa que você precisa deixá-las sair.” Domingo de manhã é sabio.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Um amigo meu gosta de brincar com a origem das palavras. Hoje pensei na palavra luto. Que é bem próxima de luta. Lutar, ficar de luto. Brigar contra a tristeza. Apanhar muito e levantar a cabeça para respirar de vez em quando. Pode ser que seja isso mesmo.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Vida moderna

Ja reparou na dificuldade que é pedir uma agua? Com gas ou sem gas? Sem gas. Gelo e limao? Sem gelo. Mas com limao? Nao, meu senhor, so agua mesmo. H2O, sabe? Sei sim, é pra ja. Logicamente, o pedido chega errado na mesa. H2O nao é mais agua, é uma marca de refrigerante.
Droga.

Fita amarela

Entre o 1234 e o 1236 da Avenida Doutor Arnaldo a moradora de rua tomava seu café da manha. Com o olhar perdido entre a fumaça preta dos carros, ela segurava um copinho de café morno do dia anterior. Os pés descalços, a roupa rasgada, a cara encardida e um detalhe singular: uma fita de cetim amarelo presa no cabelo. Por culpa da cachaça ela havia perdido tudo. A casa, o marido, o emprego, até mesmo o juizo. Mas a vaidade nao, isso nunca.

Poesia de Arak

Em que planeta você nasceu? De onde vem a música que escolheu? De onde vem tanta gente? Por quê cada nariz tem uma forma diferente? Onde está a prisão, que você enxerga e eu não? Sobra a sombra, sobra o ponto de interrogação? Por quê não arriscar a primeira lição? Morder a vida, engasgar de tanta informação? Quantos anos você tem? Vai ser igual a quem? Fazer o que quando crescer, se ainda não sabe, que questionar é viver?