quarta-feira, 25 de junho de 2008

Depilaçao

Um desabafo, certeiro e conciso. Como a depilação, feita o mais rápido possível para ser indolor. As vezes é assim, achando que não temos o direito de sermos felizes, a gente aguarda o bote do bofe amado. Exatamente. Em plena sessão de cinema, você olha para a cara do sujeito e diz para você mesma: não é possível, está bom demais para ser verdade. Então você vê a morte com uma foice aparecendo por trás da poltrona. É o fim. Algo de terrível vai acontecer. E você faz de tudo para acelerar esse toco, afinal você sabe que ele é inevitável. É nessa hora que você vira vidente, mãe Dinah e mesmo sendo tão charlatã quanto ela na arte do adivinho, você acha que sabe exatemente o que vai acontecer. Por que sera que que temos a sensação de que quando está tudo bem, vai acabar? Por que sera que logo no dia que a gente vai cortar o cabelo, ele resolve ficar bom? Ou então por que a cerveja parece ainda mais gelada quando a gente não pode beber? Parece que no fundo a gente quer mesmo é perder, para depois poder dar valor. Afinal se você visse aquela mesma paisagem todos os dias, ou aquela mesma cara dizendo que te ama, você mudaria de canal, apertaria o mute e iria pro bar pegar um drink. Talvez ter um alvo impossível, sentir que você precisa conquistar, signifique fugir de si mesmo. Do Pedro pro Paulo, do Paulo pro Felipe, que parece tanto com o Paulo. E por aí vai, a ciranda de bofes, esquecendo de um com o outro e no final esquecendo de você. Dando toco e levando, alternadamente. Até ficar sem gás, sem energia, como uma Tubaína velha na prateleira do Extra. E tudo isso porque a gente escolhe assim. A gente provoca tudo isso. Ação e reação. Física, queridinha. Precisamos crescer, acreditar, saber o quanto a gente vale. Afinal, nós somos Coca Cola, porra.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Queria ser um serial killer

Queria ser um serial killer. Pegar a minha metralhadora e me livrar de todas as pessoas que me irritam. Mataria todas elas, uma por uma, sem dó nem piedade. Aquele puto do flanelinha, a vaca da vizinha, o operário da obra que não me deixa dormir, o porteiro que fica se metendo na minha vida, minha ex-mulher, freiras, muitas freiras. Seria preso por homicídio coletivo e na minha entrevista diria para imprensa feliz e contente que não me arrependo pela morte daquela gente cretina. Sairia no jornal, a população gritaria meu nome na porta da delegacia, ficaria famoso, venderia camisetas com a minha foto por um dólar e cinquenta. Da cadeia escreveria um livro, que estaria entre os best sellers das livrarias, ao lado de Paulo Coelho. Tatuaria putinhas com caneta bic, cortaria a garganta dos meus companheiros de cela, seria o homem mais sozinho do mundo. Chocaria até Bucovski. Teria desprezo pelas crianças e uma mão calejada pelos socos entregues. Minha camisa teria manchas de sangue e não essa caveirinha silcada do lado esquerdo do peito. Meus gritos seriam temidos e minha revolta seria maior do que apenas rasgar essa porra de folha de papel.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Ler da cancer

Um dia belo dia saiu no jornal: um médico americano descobriu que uma taça de vinho era capaz de aumentar nossa expectativa de vida em até um ano. A França vibrou com a notícia. Mas a alegria durou pouco. No dia seguinte veio a decepção: descobriram que um cigarro significava um ano a menos de vida. Do dia para noite os bistrôs ficaram `as moscas. Se não se pode fumar, então é melhor não beber. Para o desespero da população mundial, os artigos infestavam os jornais: salsicha dá cancer, mais previne o envelhecimento. Chocolate é anti-depressivo, mas dá gastrite. E quando alguém achava que poderia fazer fortuna com um produto, logo vinha a catástrofe: faz bem, mas dá bafo. Fazendo equações e cálculos, as pessoas tentavam encontrar um jeito de viver. Se eu fizer isso, ganho mais um ano de vida, mas ao mesmo tempo perco um ano se fizer aquilo. Pouco a pouco deixaram de comer, deixaram de usar cosméticos, deixaram de tomar sol, deixaram até de comer brigadeiro. Dizem que apenas uma pessoa sobreviveu: um homem que não sabia ler.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Casamentos

Fui madrinha de um casamento neste sabado, entao eis a minha pequena conclusao:

Eu bebo, você bebe, ele bebe.
Nós bebemos, vós bebeis, eles bebem.
Daí em diante é so putaria.